sábado, 11 de fevereiro de 2012

A ecoeficiência é a solução ou devemos pensar em decrescimento?


O ser humano é muito resiliente. Seu poder de inovação em momentos de crise é um fator que não podemos ignorar. Nós temos uma grande capacidade de contornar situações adversas e gerar soluções que muitos nem acreditavam ser possível, e é por este motivo que a grande maioria das pessoas apostam suas fichas nas soluções ecoeficientes. 
A tecnologia se renova e evolui exponencialmente e não fazemos ideia de quais serão as próximas invenções.
Mesmo assim, alguns pesquisadores apontam equívocos nesta mentalidade e afirmam que a ecoeficiência não trará soluções efetivas para o problema ambiental que estamos vivendo. O principal argumento demonstra que apenasmitigar impactos não será o suficiente para acomodar a mentalidade de consumo da nossa sociedade, principalmente se levarmos em conta o crescimento do poder de compra dos países de economia emergente.
Para estes estudiosos, a ecoeficiência não modifica o padrão de consumo e, para piorar, dá a impressão de que podemos continuar consumindo gerando menos impactos negativos. Seria algo como trocar um carro “beberrão” por um ecoeficiente “novinho em folha” e acreditar que desta forma poderá rodar mais e ser “ecológico”. O consumo excessivo se mantêm e ainda recebe o estímulo de que o produto mais novo é ainda mais eficiente e, portanto, mais ecológico.
Podemos apostar nossas fichas na resiliência, inovação e ecoeficiência? Sim. Mas temos que manter a consciência de que será preciso, além do boom tecnológico, a democratização das soluções encontradas. Segundo Ricardo Abramovay, 85% dos países ainda não são considerados “desenvolvidos” e seus investimentos estão longe de considerar a tal ecoeficiência.
Existe alguma solução mais plausível para a sociedade capitalista? Sim, o decrescimento. Ao contrário do que o nome indica, este conceito não pressupõe uma economia deficitária tal qual alguns países estão passando. O decrescimento é uma nova visão econômica que tem como principal alicerce a qualidade do que é produzido e consumido. Devemos produzir com maior qualidade e buscar o crescimento econômico na valorização constante dos bens e serviços.
Esta perspectiva econômica busca equilibrar o consumo dos seres humanos e o poder de resiliência dos ecossistemas naturais, mantendo a produção e consumo e levando em conta valores que hoje não são considerados nas precificaçõesdos bens e serviços. Desta forma, os impactos ambientais serão contabilizados em tudo que consumimos, automaticamente estimulando o consumo mais ecológico. Além disso, a questão econômica deverá ser vista com maior abrangência, considerando as questões humanitárias e de qualidade de vida proporcionadas pelo consumo.
Grosso modo, os produtos e serviços com alto impacto negativo para o meio ambiente seriam caros e aqueles que proporcionam melhorias na qualidade de vida seriam muito mais acessíveis, e toda a produção buscaria sempre o aumento da qualidade do que é produzido, aumentando a durabilidade e estimulando a manutençãocomo uma forma de ganho econômico.

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