terça-feira, 27 de março de 2012

Planta que ajuda a despoluir


Um grupo de pesquisa da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) está desenvolvendo um sistema baseado na planta aquática orelha-de-elefante-gigante (Alocasia macrorhiza) para o tratamento das águas do igarapé contaminado de Manaus.
O engenheiro químico Josias Coriolano de Freitas, cuja tese de doutorado identificou a capacidade da planta em absorver metais pesados, diz que a orelha-de-elegante-gigante ajuda na recuperação de áreas degradadas e no tratamento de efluentes líquidos, entre outras ações.
"A planta pode ser utilizada naturalmente. Não é preciso usar nenhum produto químico. No momento o grupo está procurando aperfeiçoar o sistema de tratamento natural", disse Freitas.
A pesquisa do engenheiro químico foi realizada entre 2008 e 2010 e foi divulgada no inicio do mês pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), agência financiadora do estudo.
A orelha-de-elefante-gigante é uma planta de origem asiática, mas que se adaptou bem ao clima tropical da Amazônia. Em Manaus, ela é comum nas matas ciliares. A pesquisa de Freitas atestou que a orelha-de-elefante-gigante tem capacidade para absorver grandes concentrações de chumbo, seguido de cromo, cadmo, cobre, níquel e zinco.
Controle
O engenheiro químico destaca que a viabilização do controle de metais pesados em regiões urbana passa primeiramente por um sistema de tratamento de esgoto doméstico e industrial adequado, reciclagem do lixo urbano e programa de educação ambiental.
"Infelizmente as ações para a redução dos metais pesados em Manaus são bastante pontuais e os programas governamentais não tem continuidade. Devemos continuar investindo em pesquisas porque desta forma teremos mais opções para fazer a melhor escolha de descontaminação do ambiente", observou.
Mas nos casos onde os metais já estão presentes e consolidados, a planta orelha-de-elefante-gigante é a alternativa para evitar um malefício maior, embora existam outras espécies que possam possuir a mesma capacidade.
"Há plantas que se estressam, ficam atrofiadas, mudam de cor, mudam seu DNA e têm anomalias. A orelha-de-elefante-gigante, durante a nossa pesquisa, não apresentou nenhum estresse. Era resistente e mostrou ter uma vida longa mesmo acumulando uma quantidade muito alta de metais pesados", explicou.
Segundo Freitas, a grande concentração de chumbo na planta deve-se à competição entre os metais, que leva à preferência da planta por um deles.
"Dois fatores foram fundamentais para a absorção do chumbo: a alta concentração e a competição entre os outros metais. A variação da concentração dos outros metais faz com que exista uma competição entre eles e com isso a planta terá preferência pelo o chumbo. Geralmente, o chumbo está associado a origem urbana, principalmente lixo e a atividade industrial", explicou.
O trabalho de campo para análise da pesquisa foi feito em áreas cujo nível de contaminação é elevado. É o caso de igarapés próximos da Universidade Luterana, no conjunto Atílio Andreazza, no Japiim, na Zona Sul; na Avenida Torquato Tapajós, no bairro Flores, na Zona Norte; no Conjunto Jardim de Versalles, no bairro Planalto, na Zona Centro-Oeste; no Posto Rodoviário de Manaus da Rodovia BR-174, quilômetro 7, e em uma área não impactada localizada na Ufam, no bairro Coroado, na Zona Leste.
Fonte: Elaíze Farias AC

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